Assim como no filme para tv, a trama envolve uma
cilada planejada pelo Império para tentar pegar os rebeldes, que descobrem que
a mestre jedi Luminara Unduli estaria viva, à espera do seu julgamento.
O episódio apresentar melhor o Inquisidor (e seu
versátil sabre de luz três-em-um), mas não necessariamente para esclarecer suas
intenções. O rival parece ficar no meio termo entre sith e militar: ele soa
pragmático e entediado, como se fosse só mais um na hierarquia do Império a
cumprir ordens, mas no embate com Kanan e Ezra ele menciona o lado negro da
Força e tenta cooptar o menino para o mal. Falamos bastante do Inquisidor na
nossa entrevista com o produtor Dave Filoni.
A ideia de um Inquisidor de intenções indefinidas é
defendida pelo diretor de arte Kilian Plunkett: "Ele parece imperial, mas
é meio sith também. Não queríamos que ele fosse imponente demais, porque Darth
Vader pode aparecer na série, e nossa intenção [com o Inquisidor] era ter um
'Vader light'". E as cores do Inquisidor, branco com tons de cinza e
preto, casam com as do Império. "No começo pensamos em fazer a pele do
Inquisidor vermelha, mas deixamos branco para que as cores vibrantes fossem
exclusivas dos rebeldes", diz Plunkett.
Tanto as cores dos heróis quanto a fotografia, de
modo geral, foram pensadas para dar ao desenho um tom mais aventuresco, próximo
da trilogia clássica - afinal, Rebels se situa 15 anos depois do Episódio III e
uns cinco antes do Episódio IV. "Estude Ralph McQuarrie e Uma Nova
Esperança, foi tudo o que Filoni disse pra mim no começo", conta Joel
Aron, supervisor de efeitos visuais da série e envolvido com a saga desde que
trabalhou como técnico em A Vingança dos Sith. Aron foi buscar até o mesmo
modelo de negativos da Kodak usado no filme 1977 para emular em Rebels o visual
ditado por McQuarrie, principal ilustrador envolvido na concepção de Star Wars.
"Tudo em Clone Wars era sobre as câmeras, como
elas se movem, e em Rebels é tudo sobre as lentes, como filtrar a luz para
deixar o visual igual a McQuarrie", resume Aron. "Os negativos usados
tinham um grão megafino, era um modelo muito específico." Ele conta que
teve acesso ao roteiro de filmagem do longa de 1977, que detalhava quais lentes
eram usadas em cada plano. Para reproduzir hoje esse visual granulado, Aron
partiu de uma ferramenta do Photoshop que torna os contornos dos objetos mais
borrados: "Em produções de TV assim você não tem mais do que duas semanas
para arrumar uma solução para um problema".
Não é só nas cores e na luz que Star Wars Rebels
parece mais vibrante e cartunesca que sua antecessora, a série animada Clone
Wars, produzida pela mesma equipe. Os designs de personagens também foram
pensados nesse sentido: os stormtroopers, por exemplo, têm o capacete um pouco
maior do que em Clone Wars, e as expressões faciais dos protagonistas são bem
mais elásticas. "O visual em Clone Wars era 80% realista. Agora eu diria
que é 50% realista e 50% cartunesco", calcula Keith Kellogg, supervisor de
animação. O próprio droide dos rebeldes, Chopper, é bem mais expressivo que
R2-D2, por conta dos seus braços mecânicos. "Chopper é como um gato,
enquanto R2-D2 era como um cachorro. Chopper é muito mais genioso", diz
Kellogg.
Muita coisa, nessas mudanças visuais, tem uma
justificativa funcional. O jedi Kanan, por exemplo, tem gestos mais expansivos
não só por causa da pegada cartunesca, mas principalmente porque ele não é um
jedi supertreinado como Obi-wan - conta Kellogg, enquanto vemos Kanan se
defendendo de tiros de laser com seu sabre como se estivesse rebatendo bolas de
beisebol. Outro exemplo: as asas dos Tie-Fighters foram diminuídas em relação
ao seu tamanho no filme de 1977, para a nave parecer mais funcional. A forma da
Ghost, a nave de Kanan, parece uma mistura de diamante com pipa porque os
objetos na trilogia clássica também partiam de figuras geométricas (o destróier
é um triângulo, a Estrela da Morte é uma esfera etc.).
"Estamos tentando 'emburrecer' um pouco a
tecnologia. Se as coisas forem simples, as crianças vão entender melhor. O
visual da série não é requintado como nos prelúdios, tudo em Rebels parece
colado com fita adesiva", diz Aron, em relação ao período em que a trama
se passa, quando o Império ainda não tem uma tecnologia avançada estabelecida e
os rebeldes têm que se virar com sucata. O fato de tudo parecer mais simples em
Star Wars Rebels também tem uma outra causa: o orçamento. "Não temos o mesmo
orçamento que tínhamos em Clone Wars, então os movimentos das roupas não é tão
rico. Eu tentei compensar incluindo um movimento a mais nos cabelos, para
detalhe. Mais renderização significa mais dinheiro", diz Kellogg.
"O que nos salva é que os interiores das
instalações do Império são todos iguais. E o fato de os objetos voarem também
ajuda na hora de animar", brinca Plunkett. "A equipe está sempre
correndo contra o tempo. No começo você vai perceber que não temos cenários
muito populosos, mas com o tempo vamos fazendo mais. Você pode passar seis dias
animando só um fazendeiro que vai aparecer no fundo do cenário... Já os droides
são mais fáceis", emenda.
Na nossa visita, Dave Filoni estava com olheiras
fundas, parecia que não dormia há dias. Isso foi em setembro, e cerca de seis a
oito episódios já estavam finalizados, com o som pronto. Agora é saber como o
público vai responder a esse Star Wars um pouco mais leve e descompromissado. A
primeira temporada começou neste fim de semana no Brasil, no canal pago Disney
XD, e os episódios inéditos serão exibidos todos os sábados.
Tri!!!
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